sábado, 15 de dezembro de 2012

Dentro do Ônibus

Um dia ainda vou compreender essa dificuldade que eu tenho de postar frequentemente no blog...
Com isso de fim de ano chegando, encerramento das aulas, despedidas de amigos e colegas de classe comecei a pensar mais em algumas coisas, em coisas que até então nunca tinha parado para reparar, observar e tentar descobrir o porquê e senti uma saudade do blog. Resolvi postar...
Ano passado, quando entrei para o ensino médio, fui matriculada em uma outra escola na cidade vizinha e desde então pego o mesmo ônibus, com o mesmo motorista, com os mesmos passageiros (óbvio que tem passageiros diferentes, mas a maioria são os mesmos), faço o mesmo trajeto todos os dias.
Tenho planos de mudanças para esse ano que se aproxima e acho que isso me ajudou e ver as coisas e pessoas "com outros olhos"...
Todos os dias um homem entra no ônibus, senta sempre no lado direito do e abre a janela todinha mesmo que esteja frio. O que o faz ter essa vontade de sentir o vento em seu rosto às 6h da manhã quando o dia ainda está fresco e o corpo quente da cama?
Do lado esquerdo do ônibus, todos os dias senta uma mulher de feição séria, com fones de ouvido e com o mesmo penteado, que aparenta ter seus 47 anos. Gostaria de saber o que ela escuta em seus fones, pois ela sempre fica com o olhar perdido e vago para o lado de fora da janela, movimentos leves na boca como quem canta, mas bem baixinho, pensativa... ora parece triste, ora parece preocupada, nunca a vi com uma expressão feliz. O que será que a preocupa? O que a faz se perder na vista para o lado de fora da janela?
No mesmo ponto que eu, entra no ônibus também a Katia. Ah Katia! Vou sentir saudade do seu alto astral, da sua animação, do seu jeito extremamente positivo de ver e viver a vida! Katia é uma quarentona, bem perto da casa dos 50. Enxuta, cabelo curtinho e corpinho de garota nova. Adora conversar, fuma na mesma promporção. Faz amizade rápido e conquista a todos com seu jeito! Trabalha em casa de família. Tem um 'buraco no coração'. Coisas do amor e separação que só quem passa sabe exatamente o que sente e como sente...
Perto da "curva do S", que fica no bairro vizinho tento não olhar muito e observar as pessoas que estão dentro do ônibus por ele já estar cheio e sempre existir quem se incomode com olhares alheios. Levo meu pensamento para as pessoas que estão do lado de fora, indo trabalhar, levar seus filhos na escola, que estão paradas e aparentemente fazendo nada.
Certa vez um homem sentado na calçada
 me chamou atenção. Ele aparenta ser bem pobre, bem simples. Sempre sentado na calçada, de chinelos, blusa surrada, short velho, cabelo por cortar, barba mal feita, uma mochila entre as pernas e nas mãos uma bíblia. Todos os dias quando ônibus fazia a curva meus olhos os acompanhava... Algo nesse homem me traz um sentimento gostoso de paz, tranquilidade e algo mais que não sei explicar.
Todos os dias ele estava lá, lendo a bíblia para ele e para quem estivesse próximo. O que o fazia ler a bíblia todos os dias, no mesmo lugar, na mesma hora? O que ele estava fazendo ali? Por quê?
O que move a Fé dele eu sei e apesar de sua aparente condição financeira ele estava lá, todos os dias lendo sobre a palavra de Deus.

Agora que entrei de férias e no próximo ano não vou mais pegar o mesmo ônibus, para o mesmo lugar, com as mesmas pessoas todos os dias sei que vou sentir falta disso. Sei que é uma coisa boba, mas a gente se acostuma com certas coisas e isso é algo que vai me fazer falta.
Olhar para as mesmas pessoas, estar com as mesmas pessoas, ouvir conversas delas sobre suas vidas e seus problemas, saber onde pegam o ônibus, onde descem, em alguns casos onde trabalham e ainda assim continar sendo todos estranhos...


Talvez eu apareça por aqui essa semana. Estando de férias não tenho muito o que fazer. Vai que, eu sinta saudade do blog de novo.
Até.